Por Rui Tavares Maluf*
A recente detenção de um menor de 16 anos que vive no bairro do Glicério, em São Paulo, e que supostamente lidera um bando de aproximadamente 15 marginais envolvidos em vários assaltos a estabelecimentos comerciais,
é um claro exemplo de quanta gente está empregada no crime na capital, provavelmente também no Estado e até mesmo no Brasil.
Não parece exagero afirmar que o crime compensa, ao menos na atualidade e na capital paulista. Durante um certo período compreendido entre o final da década de 90 até poucos anos atrás,
alguns indicadores de criminalidade melhoraram e São Paulo atingiu queda significativa do número de homicídios colocando-se no ranking das cidades dos países desenvolvidos.
O ano de 2011 é comemorado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo com o que consolidou a queda dos homicídios.
Apesar desse indicador ainda ser considerado bom, já começa a passar por uma reversão nesse primeiro semestre de 2012, o qual ligado aos outros indicadores já sugerem um importante crescimento.
Mais recentemente São Paulo tem se deparado com um incremento real e também de percepção da violência na modalidade assalto, em sua vertente popularmente denominada
"arrastão" uma vez que vários assaltos estão sendo cometidos em diferentes lugares da cidade e em diferentes horários atingindo estabelecimentos comerciais, de serviços e residências,
e mobilizando, quase invariavelmente, um grande número de marginais muito bem armados, ou que parecem estar muito bem armados. A criminalidade não está limitada aos setores da economia como transportadora de valores,
caixas eletrônicos e agências bancárias, mas atinge duramente o cidadão. Residualmente,
assaltos menores nas vias públicas e dirigido a motoristas contam com a participação de menores e nem sempre portadores de armas de fogo verdadeiras, mas suficientes para criar um ambiente de elevada insegurança.
Além da constatação de que a criminalidade é praticada a qualquer hora do dia e nos locais mais inusitados, como a proximidade de batalhões da Polícia Militar e de Delegacias de Polícia,
podemos afirmar que não parece haver qualquer argumentação convincente por parte das autoridades do governo estadual de que exista um plano em marcha e de que a dramática situação será revertida de forma consistente.
É duro acreditar que a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) atue para prevenir o crime naquilo que depende da Inteligência Policial, pois, quase invariavelmente a polícia chega depois do assalto praticado.
E o que é pior, em mais de um caso narrado por comerciantes que foram vítimas de assaltos, abordados por policiais oferecendo serviços particulares de proteção aos estabelecimentos.
Minha argumentação é confirmada verificando-se o número de criminosos participando de tais ações, o que pode ser um indicador por si só do aumento da delinquência,
uma vez que retrata com crueza o elevado contingente de indivíduos que estão sendo mobilizados para a ação criminosa. Em 88 casos que levantei junto aos principais órgãos de imprensa de São Paulo nos últimos dois anos
(de partir de maio de 2010 a final de maio de 2012), sempre que as informações se revelaram seguras e com base em assaltos, tentativas de assaltos, tentativas de roubos e roubos registrados na capital,
os resultados distribuidos por números de marginais envolvidos revela que o praticado com quatro (4) indivíduos (exatamente uma quadrilha) tem sido o de maior frequência, com 20 registros (22,7%).
E ainda que minoritários, não deixa de ser estarrecedor os casos envolvendo de sete (7) a mais marginais como se pode observar na tabela abaixo. Minha hipótese é que se recorressemos a uma série histórica mais ampla,
enxergaríamos com nitidez o aumento da empregabilidade de criminosos na ação de frente do crime. Tais estatístiscas nos ajudariam muito no planejamento do combate ao crime,
especialmente por denotarem a ausência ou baixa eficácia de trabalho de inteligência.
Número de Marginais em ações criminosas em São Paulo (SP) (maio de 2010 a maio de 2012)
MARGINAIS EM AÇÃO |
FREQUÊNCIA |
01 |
03 |
02 |
16 |
03 |
13 |
04 |
20 |
05 |
14 |
06 |
08 |
De 07 a 10 |
09 |
A partir de 11 |
07 |
SOMA |
88 |