Processo & Decisão. Documentos de História. Revolução Francesa parte III. Responsável Rui Tavares Maluf
Leia a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
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REVOLUÇÃO
FRANCESA |
ÓRGÃOS
EXECUTIVOS DA FRANÇA REVOLUCIONÁRIA |
DA FASE DO TERROR
AO BREVE GOVERNO DO CONSULADO (1793-1799) |
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O
presente documento (ainda em caráter provisório) traz um relato dos órgãos
executivos do governo da França Revolucionária a partir da fase imediatamente
anterior à implantação da política oficial do Terror (junho-julho de 1793)
até o governo do Consulado (início em novembro de 1795 e final em novembro de
1799), o que forma um período de seis anos e quatro meses. Antes disso, entre
julho de 1789, data oficial da eclosão da Revolução até o que aqui é tratado,
vigorou a Monarquia Constitucional na qual o Rei Luis
XVI governou, ainda que limitado pelo Poder Legislativo, o qual não será aqui
abordado. Durante
o início da segunda fase da Revolução Francesa, com a implantação da
República e a escolha de um novo órgão legislativo e constituinte, denominado
de Convenção, criou-se o Comitê de Salvação Pública como órgão executivo,
embora seus integrantes não tivessem cargo específico dentro do mesmo. Este
período é conhecido como o Reino do Terror e durou pouco mais de um ano
(1793-1794), conquanto o Comitê tenha durado até o começo de 1795. Apesar de
sua curta duração, o Comitê de Salvação Pública, instalado em 6 de abril de 1793, passou por mudanças no número de seus
integrantes (inicialmente eram nove e mais tarde 12), bem como em suas
atribuições, o que é revelador tanto das novas decisões dos eleitores quanto
da luta interna entre seus membros. Com o final da fase do Terror tem início
o regime do Diretório, cujo nome é o que se refere ao Poder Executivo do
governo francês (1795-1799). O Diretório será substituído por meio de um
golpe de estado pelo governo do Consulado (1799-1804), o qual será integrado
por três membros. Acompanhe
no quadro a seguir os 21 membros que integraram em algum momento o Comitê de
Salvação Pública, incluindo nessa relação a região
da França da qual eles eram representantes e a idade deles no momento de
instalação do referido órgão. Vale assinalar que Maximilem
Robespierre, quem ao lado de Danton foi um dos dois
mais importantes integrantes, não esteve entre os primeiros a compor o órgão.
Além da informação sobre a área da França da qual eram representantes, três
aspectos da vida dos membros chamam a atenção e constam da brevíssima
biografia subseqüente, um dos quais de natureza
política; o primeiro é o grande número de formados em direito,
e o segundo o elevado número de membros nascidos fora de Paris.
Em terceiro lugar, o posicionamento deles a favor da morte de Luis XVI, uma vez que vários deles participaram da
decisão da Assembléia Nacional no início de 1793. |
Tabela Relação dos 21 Membros do
Comitê de Salvação Pública Em ordem alfabética, Segundo a Região de
Representação e a idade em abril de 1793 |
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MEMBRO |
REGIÃO DE REPRESENTAÇÃO |
IDADE EM ABRIL DE 1793 |
André Jeanbon
Saint André |
Lot |
44 |
Bertrand Barere
de Vieuzac |
Hautes-Pyrénées |
37 |
Claude-Antoine
Prieur-Duvernois |
Côte-d’Our |
30 |
Georges Couthon |
Puy-at-Dôme |
33 |
Georges Danton** |
Paris |
33 |
Jacques
Nicolas Billaud-Varenne |
Paris |
39 |
Jean-Antoni
Debry |
Aisne |
**não identificada** |
Jean-Baptiste Treilhard |
Seine-at-Oise |
**não identificada** |
Jean-François Delacroix |
Eure-et-Loir |
40 |
Jean-François Delmas |
Haute-Garonne |
**não identificada** |
Jean-Jacques Breárd |
Charente-Inférieure |
**não identificada** |
Jean-Marie
Collot d’Herbois |
Paris |
**não identificada** |
Lazare Nicolas Marguerite Carnot |
Pas-de-Calais |
39 |
Louis
Antoine León de Saint-Just** |
Aisne |
25 |
Louis-Bernard Guyton-Morveau |
Côte d’Or |
**não identificada** |
Marie-Jean
Hérault de Séchelles |
Seine-at-Oise |
**não identificada** |
Maximilien de Robespierre** |
Paris |
35 |
Pierre-Joseph Cambon |
Hérault |
46 |
Pierre-Louis
Prieur |
Marne |
**não identificada** |
Robert Lindet* |
Eure |
**não identificada** |
*Em substituição a Debry; - ** morreram na Guilhotina
Leia,
agora, o breve perfil de alguns dos membros do Comitê de Salvação Pública: Andre Jean-Bom de
Saint Andre – Nasceu a 25 de
fevereiro de 1749 em Montauban (Tarn-et-Garone) e faleceu em 10 de dezembro de 1813. Ou seja,
tinha 40 anos antes do ano da Revolução e morreu durante a fase final do
Império Napoleônico, aos 64 anos de idade. Filho de pai protestante, mas foi
criado por padres jesuítas. Quando foi eleito para a Convenção pelo
departamento de Lot, ele foi escolhido por seus
pares para o cargo de presidente do órgão deliberativo (1793). Integrou o
grupo da Montanha, e na votação sobre a acusação contra o ex-rei
Luis XVI, votou por sua morte. A despeito de sua
ligação com o grupo da Montanha (quase integralmente formado pelos
jacobinos), Saint Andre teve posição distante do
Terror. Em 28 de maio de 1795, ele foi preso, em um momento posterior ao auge
do Terror. Ele havia estado por cerca de nove meses em missão no Sul do País,
após ter dedicado algumas semanas de maio de 1794 a lutar militarmente contra
os britânicos ao lado do Almirante Villaret de Joyeusse. Betrand
Barére de Vieuzac
– Natural de Tarbes, na Gascônia,
nasceu em 10 de setembro de 1755 e faleceu em 13 de janeiro de 1841, aos 82
anos de idade. Portanto, ele nasceu 44 anos incompletos antes da eclosão da
Revolução e faleceu 31 anos depois da queda do
Imperador Napoleão Bonaparte. Foi criado em uma família católica e um dos
seus irmãos se tornou padre. Formou-se em direito e ficou rapidamente
conhecido como um grande orador. Ele foi tutor de Pamela, filha do Duque
D’Orleans, primo de Luis XVI. Nos primeiros
momentos do Reino do Terror, ele votou favoravelmente à pena de morte para os
parlamentares Girondinos, que se tornaram as primeiras vítimas dessa fase. Claude
Antoine Prieur-Duvernois
– Natural da Auxone, na região de Cote-D’Or, nasceu em 22 de
setembro de 1763 e faleceu em 11 de agosto de 1832, em Dijón.
Em outras palavras, ele tinha 25 anos quando da Revolução Francesa e 30
quando da instalação do Comitê de Salvação Pública. Morreu aos 62 anos e 17
depois da queda do Império de Napoleão Bonaparte. Ele será diretamente
responsável pela elaboração do sistema métrico decimal e um dos
co-fundadores da Escola
Politécnica. Esteve entre os membros da Convenção que votou o
processo contra Luis XVI e seu voto foi a favor da
pena de morte. Como membro do Comitê, ele se dedicou sobremaneira à
organização da Guerra, cuidando dos hospitais, armamentos etc. Com o fim da
Convenção e do Terror, ele é reeleito para o Conselho dos Quinhentos (A
Câmara Baixa do novo Parlamento que elegerá o novo órgão executivo da
Revolução, o Diretório). Com o golpe do 18 do
Brumário (11 de novembro de 1799), ele deixa a vida pública e passa a cuidar
de seus interesses privados criando uma fábrica de papel em Dijon, onde
viverá até sua morte. Georges
Auguste Couthon – Natural de Orcet, nasceu em 22 de dezembro de 1755 e morreu em 28 de
julho de 1794, executado na guilhotina, aos 38 anos de idade. Quando da
instauração do Comitê de Salvação Publica, Couthon
tinha 33 anos. Forma-se em direito e procurou advogar em Paris, mas
encontrando dificuldade de obter clientela mínima que lhe garantisse a
sobrevivência na cidade, decidiu ir para o interior. No ano de 1786, ele
entra para a maçonaria, fazendo parte da loja Saint Maurice. Em
9 de setembro de 1791 é eleito à Assembléia
Legislativa pelo departamento de Puy-de-Dôme. Em poucos dias, ele propõe ao órgão que os termos
“senhor” (sire) e majestade (majesté)
sejam abolidos do cerimonial. Em 6 de setembro de
1792, ele foi reeleito deputado pela mesma região. Torna-se próximo a Robespierre ele o defendeu de ataques parlamentares
desferidos contra sua pessoa, embora jamais tenha sido formalmente um
Jacobino. Em 21 de setembro de 1793, foi eleito presidente da Convenção.
Morreu no mesmo dia que Robespierre e Saint Just,
em 28 de julho de 1794. Georges
Jacques Danton (Danton)– Natural de Arcis-sur-Aube, na província de Champanha, ele nasceu em
26 de outubro de 1759 e morreu na guilhotina em 5 de
abril de 1794. Portanto, ele tinha 30 anos incompletos quando da eclosão da
Revolução, 34 quando da instauração do Comitê de Salvação Pública e 35 quando
de sua execução. Formou-se em direito na Faculdade de Reims (1784). Vários de
seus colegas e estudiosos alegam que ele possuía um talento oratório
prodigioso e uma enorme impetuosidade, entregando-se com profunda
dedicação aos assuntos nos quais se envolvia. Sua iniciação política se deu
na eleição dos Estados Gerais, concorrendo pelo distrito Dês Cordeliers (vide explicação à frente), em Paris,
para uma das vagas abertas ao Terceiro Estado. Por volta de 1790, ano
seguinte ao da Revolução, ele ingressa no recém-fundado Clube dês Cordelliers, cujo nome se origina da cinta em forma
de corda utilizada pelos padres franciscanos e do local (refeitório de
Convento), onde seus integrantes fundaram o movimento. Pouco depois se ligará
ao Clube dos Jacobinos, cujo nome está ligado ao Convento dos Padres
Dominicanos que lhe serve de lugar de reunião inicial. Ainda na fase da
Monarquia Constitucional torna-se ministro da Justiça (agosto a setembro de
1792), ainda que por apenas um mês. Sua queda do Comitê de Salvação Pública,
que significou sua prisão e execução na guilhotina está relacionada ao seu
papel na liquidação da Companhia das Índias, da qual teria extraído grandes
vantagens pessoais devido às informações privilegiadas que possuiria sobre as
ações. Jacques
Nicolas Billaud-Varenne –
Natural de La Rochelle, nasceu em 27 de abril de
1756 e faleceu em 3 de junho de 1819, em Porto
Príncipe, no Haiti. Assim, Billaud-Varenne estava
com 33 anos quando da eclosão da Revolução Francesa, 39 quando da instalação
do Comitê de Salvação Pública e 63 ao falecer, quatro anos após a queda de
Napoleão Bonaparte Ele vem de uma família de nobres da cidade onde nasceu, e
formou-se em Direito em 1778. Durante alguns anos trabalhou no Colégio de L’Oratoire. Em 12 de setembro de
17896, casou-se em Paris com Anne Angélique Doye, filha de um general. Ele esteve entre os que ainda
no início de 1791 defendeu a proclamação da República e durante o processo
contra Luis XVI votou por sua morte. Em 1792, ele
foi um dos membros da Comuna de Paris, que propiciou o pretexto para a ocorrência
da implantação da Política do Terror. Billaud-Varenne
foi próximo a Robespierre, Saint Just e Couthon, mas se distanciou dos três pela forma como
encaminharam a política do Terror e será um dos principais responsáveis pela
queda deles. Contudo, após a execução do trio, ele foi denunciado como
cúmplice. Entre março e abril de 1795 ele foi condenado e apenado com a
deportação para a Guiana Francesa. Sua mulher consegue o divórcio de um
Tribunal de Paris, alegando ausência continuada do marido e se casa com um
norte-americano. Após o golpe de 18 do Brumário, Napoleão concede-lhe o
perdão (1799), o qual ele recusa e continua vivendo na Guiana com uma nativa,
apesar de que pouco tempo mais tarde Portugal a ocuparia militarmente (1809).
Com a queda definitiva de Napoleão, ele preferiu ir para o Haiti, que já era
um país independente desde 1803 e lá passou seus últimos anos com uma pensão
concedida pelo presidente do país. Jean-Baptiste
Treilhard – (Vide
membros do Diretório) Jean-François
Delacroix - Natural de Pont-Audemer, situada na região da Alta Normandia, e
nasceu em 3 de abril de 1753. Faleceu em 5 de abril de 1794, executado na guilhotina durante os
anos da política do Terror. Portanto, Delacroix
tinha 36 anos quando da eclosão da Revolução e 40 incompletos quando da
instalação do Comitê de Salvação Pública. Foi
executado dois dias após ter completado 41 anos. Delacroix
formou-se em direito e pouco depois (1782) casou-se com Marie Louise de La
Barre. Na política, ele se liga ao Clube dos Jacobinos. Ao lado
de Danton, de quem era um grande aliado, ele propôs a abolição da escravidão
nas colônias francesas e conseguiu que as mesmas fossem aprovadas em 4 de fevereiro de 1794. Entretanto, a oposição conseguiu
que a decisão fosse inviabilizada. Saint-Just será o principal responsável
por sua prisão e condenação à morte, a qual se dará ao lado de Danton e de
seus amigos Phillipeaux e Camille
Desmoulins. Lazáre Nicola
Marguerite Carnot – (Vide membros do Diretório) Louis
Antoine León de Saint-Just (Saint-Just)– Natural
de Decize, na região da Borgonha, nasceu em 25 de
agosto de 1767 e morreu em Paris, em 28 de julho de 1794, aos 26 anos
executado na guilhotina com outros companheiros, entre os quais Robespierre. Quando da Revolução Francesa, em julho de 1789,
ele contava 21 anos e quando da instalação do Comitê de Salvação Pública, em
abril de 1793, 25 anos. Dentre os nomes aqui relacionados era o mais jovem e,
talvez, o mais ardoroso defensor da política do Terror ao lado de Robespierre. Saint-Just era filho de um capitão da
cavalaria do exército francês, condecorado com a ordem honorífica da Ordem de
Saint-Louis, criada pelo Rei Luis XIV. Durante seis
meses (setembro de 1786 a março de 1787), ele viveu em uma instituição
destinada à reinserção de jovens com problemas disciplinares (Maison de correction), tendo sido lá colocado por seus pais.
Estudou direito na Faculdade de Reims, onde estudaram também os
revolucionários Brissot e Georges Dantom, mais velhos do que Saint-Just. Pierre-Joseph
Cambon (Cambon)- Natural de Montpellier, nasceu em 10 de
junho de 1756, e morreu em Saint-Joseph-tem-Noode,
periferia de Bruxelas (Bélgica), em 15 de fevereiro de 1820, aos 63 anos. Sua
origem religiosa é protestante. Em 1791, elegeu-se para a Assembléia
Nacional, estreando na vida política e parlamentar. Na votação da penalidade
a Luis XVI, ele votou por sua morte. Quando da
instalação do Comitê de Salvação Pública, ele contava 46 anos. Por revelar um
bom conhecimento econômico e financeiro, ele ocupou o comitê de finanças do
Comitê de Salvação Pública da Convenção. Esteve ligado a Robespierre
e fez sua defesa durante a reunião da Convenção que o prendeu em julho de
1794. Após sua queda, ele precisou deixar a França e se exilou na Bélgica. Maximilien
Marie Isidore de Robespierre
(Maximilien Robespierre)
– Natural de Arras, na atual região de Pays de
Calais, ele nasceu em 6 de maio de 1758 e faleceu em
Paris em 28 de julho de 1794, executado na guilhotina. Ou seja, estava com 31
anos quando da eclosão da Revolução, 35 quando da implantação do Comitê de
Salvação Pública e 36 quando de sua morte na guilhotina. Seu pai era um
advogado do Conselho Geral da Cidade de Arras. Robespierre
estudou direito na Faculdade de Paris, onde se bacharelou em 31 de julho de
1780, nove anos antes da Revolução. Foi eleito Deputado aos Estados Gerais em
1789 pelo Terceiro Estado (dedicado ao povo, à burguesia). Ele foi membro da
Comuna Insurrecional de Paris em 1792 e na esteira desse grande movimento
social foi eleito para a Convenção no mesmo ano. Ele foi visto por muitos de
seus colegas e por grande parte do povo como o exemplo da virtude da
Revolução e se tornou um dos mais implacáveis defensores da Política do
Terror para assegurar a vitória do processo revolucionário. Para o setor mais
radical dos revolucionários a revolução praticamente termina com sua queda e
de seus companhieros mais próximos. Um de seus mais
íntimos colaboradores no Comitê de Saúde Pública foi Saint Just. Parte da
queda de Robespirerre, Saint Just e Couthon se explica pela grande autonomia que eles
conferiram às decisões do Comitê sobre a Assembléia
Geral (Convenção). Em certa medida, eles admitiram recuar quando foram
pressionados por aqueles que passaram a ser seus
opositores. Não obstante, as divergências já haviam ido longe demais e ele
foi preso junto com seus dois colegas no dia 27 de julho ao tentar discursar
para os membros da Convenção e uma acusação formal foi a eles dirigidas. Ao
meio dia de 28 de julho, ele, seus colegas e mais 22 membros da Convenção ou
dos grupos políticos também foram guilhotinados. |
ÓRGÃOS EXECUTIVOS
DO DIRETÓRIO (Novembro de 1795 a Novembro de 1799),
E DO CONSULADO (Novembro de 1799 a maio de 1804)
MEMBROS DO DIRETÓRIO
Durante
os quatro anos de funcionamento desse arranjo institucional, o governo do
Diretório contou com um total de 13 membros, mas limitado a 5 integrantes de cada vez. As alterações nos
integrantes do órgão máximo de direção se deram em consequência dos resultados
eleitorais que alteraram a composição do Poder Legislativo (responsável
direto pela escolha dos membros do Diretório), e, também, em conseqüência de golpes de estado, como o do 18 do Frutidor. O Poder Legislativo era
bicameral, dividido em uma Câmara Alta denominada Conselho dos Anciãos
(Conseils dês Anciens),
com 250 membros, que tinha como principal responsabilidade aprovar ou
rejeitar leis (mas não iniciá-las), uma Câmara Baixa, denominada Conselho
dos Quinhentos (Conseil des
Cinc Cents). Em termos
formais, a escolha dos membros do Diretório se dava pela votação de uma lista
no Conselho dos Quinhentos que era submetida ao Conselho dos Anciãos, que
apontava os cinco. |
Tabela Membros do Diretório em Ordem
Alfabética, Segundo a data de entrada no Diretório
e de saída |
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MEMBROS DO DIRETÓRIO |
ENTROU |
SAIU |
Emmanuel
Josepy Sieyés |
20 de maio de 1799 |
10 de novembro de 1799 |
Ettiene François Louis Honoré Le Torneur |
2 de novembro de 1795 |
26 de maio de 1797 |
François
Bharthélemy |
26 de maio de 1797 |
5 de setembro de 1797 |
Jean
Baptiste Therelliard |
20 de maio de 1798 |
17 de junho de 1799 |
Jean
François Moulin |
20 de junho de 1799 |
10 de novembro de 1799 |
Jean
François Reubel |
2 de novembro de 1795 |
19 de maio de 1799 |
Louis
Marie La Revelliére Lepeaux |
2 de novembro de 1795 |
18 de junho de 1799 |
Lazáre Nicola Marguerite Carnot |
4 de novembro de 1795 |
5 de setembro de 1797 |
Louis
Jérome Ghoier |
17 de junho de 1799 |
10 de novembro de 1799 |
Nicolas-Louis
François de Neufchateuf |
9 de setembro de 1797 |
19 de maio de 1798 |
Paul
Fraçois Jean Nicolas (Visconde de Barras) |
2 de novembro de 1795 |
10 de novembro de 1799 |
Philippe
Antoine Merlin de Douai |
8 de setembro de 1797 |
18 de junho de 1799 |
Pierre
Roger Ducos |
19 de junho de 1799 |
10 de novembro de 1799 |
GERAÇÃO DOS MEMBROS DO DIRETÓRIO
Vale responder à pergunta se Revolução é coisa de gente moça, pois em geral tal ordem de acontecimentos drena enorme energia humana em termos de horas dedicadas, bem como das paixões consumidas, além da ideia de que é preciso muita convicção e abnegação para derrubar a ordem vigente. E os jovens parecem ser portadores quase sempre de certa ingenuidade necessária para uma Revolução, uma vez que a ingenuidade tende a simplificar mais a análise dos problemas. Ademais, a mocidade é o período da vida que as pessoas detém melhores condições físicas e mentais para empreendimentos mais ousados. Bem, procurando responder à questão, é possível afirmar que os dados indicam que a média de idade em julho de 1789, quando se dá a tomada da fortaleza da Bastilha, é de 38,9 anos (não exatamente jovem, sobretudo naqueles anos em que a expectativa de vida era muito mais baixa que a atual e os homens amadureciam cedo). E quando da inauguração do governo do Diretório em novembro de 1795 já é de 45,4 anos (início da maturidade). Mesmo com variação etária importante, o mais jovem tinha 33 anos em 1789 e 40 na instalação do Diretório. A diferença de geração chama muito a atenção quando comparamos a idade de cada um, ou a média, com a de Napoleão Bonaparte, que tinha apenas 19 anos em julho de 1789 e 26 em novembro de 1795.
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Tabela Membros
do Diretório segundo suas Idades em Julho de 1789 e novembro de 1795 |
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MEMBROS
DO DIRETÓRIO |
IDADE
EM JULHO
DE 1789 |
IDADE
EM NOVEMBRO
DE 1795 |
Emmanuel Josepy Sieyés |
41 |
47 |
Ettiene François Louis Honoré Le Torneur |
38 |
44 |
François Bharthélemy |
41 |
48 |
Jean Baptiste Therelliard |
47 |
53 |
Jean François Moulin |
37 |
43 |
Jean François Reubel |
41 |
48 |
Lazáre Nicola Marguerite Carnot |
36 |
42 |
Louis Jérome Ghoier |
43 |
49 |
Louis Marie La Revelliére Lepeaux |
35 |
42 |
Nicolas-Louis François de Neufchateuf |
39 |
45 |
Paul Fraçois Jean Nicolas (Visconde de Barras) |
33 |
40 |
Philippe Antoine Merlin de Douai |
34 |
41 |
Pierre Roger Ducos |
41 |
48 |
MÉDIA DE IDADE |
38,9 |
45,4 |
IDADE DE NAPOLEÃO BONAPARTE |
19 |
26 |
Ocupação e/ou Profissão dos Membros do Diretório
De maneira geral, os
membros do Diretório nasceram em famílias proprietárias de terra,
alguns com e outros sem títulos de nobreza. Formaram-se em direito e/ou foram
oficiais do Exército. A maioria foi eleita pelo Terceiro Estado
à Assembléia dos Estados Gerais de 1789, dando
início a uma vida parlamentar nos anos da revolução. Emmanuel Joseph Sieyés (Abade Sieyés) –
Nasceu em 3 de maio de 1748, em Frejus
(sul da França) e faleceu em 20 de junho de 1836 (aos 84 anos). Foi um abade
da Igreja Católica Apostólica Romana. Durante os anos de sua formação
educacional, na Sorbonne, ele teria sido influenciado pelo pensamento de John
Locke, dos Enciclopedistas, entre outros. Em 1789, no início da Revolução,
ele escreve o panfleto O Que é o Terceiro Estado? Quando da
confiscação de propriedades da Igreja, ele se opôs. Foi membro da Convenção
Nacional (de setembro de 1792 a setembro de 1795). Na deliberação sobre a acusação
contra o ex-rei Luis XVI,
ele votou por sua morte. Será um dos membros do Consulado (provisório).
Quando Napoleão Bonaparte cai, ele se exila em Bruxelas (Bélgica), onde
permanece até 1830. Ettiene
François Louis Honoré Le Torneur
– Nasceu em Granville, na Mancha, em 15 de março de
1751 e morreu em Laerken, na Bélgica, em 4 de outubro de 1817 (66 anos), onde se encontrava exilado
após a queda de Napoleão Bonaparte. Em 1768 ele concluiu curso na academia
militar e no decorrer da carreira chegou à patente de capitão. Quando da
votação do processo de acusação contra Luis XVI,
ele se posiciona a favor da pena de morte, mas entende que a decisão final
cabe ao povo. Foi membro do Conselho dos Anciãos por dois mandatos. Após o
fim do diretório, ele foi nomeado por Napoleão prefeito de Loire-Inferieure (1800) e conselheiro à Corte de Contas (1810).
Durante sua participação no diretório, ele foi ministro do Interior
(1797-1798). François Baltazar, ou
François Bharthelémy (Marquês de Bharthelémy) – Nasceu em 20 de
outubro de 1747, em Bouches-de-Rone,
e morreu em Paris em 3 de abril de 1830 (aos 82
anos). Nomeado membro do Diretório em 20 de maio de 1797. No golpe do 18 do Frutidor (4 de setembro de 1797), desferido por
ação indireta de Napoleão Bonaparte, Bharthelémy é
preso acusado de realista e deportado para Caiena (Guiana Francesa). Jean Baptiste Threillard (Threillard) – Nasceu
em 1742 e faleceu em 1 de dezembro de 1810 (aos 68
anos durante o Império de Napoleão Bonaparte). Advogado de formação, ele ganhou
notoriedade como membro do Parlement de
Paris. Elegeu-se para os Estados Gerais a ser inaugurado em maio de 1789
e que foi o estopim da Revolução. Eleito pela Convenção Nacional, Threillard foi um dos membros da Montanha (Jacobinos), e
votou pela morte do ex-rei Luis
XVI. Ex-membro do Comitê de Salvação Pública e
ex-presidente da Convenção Nacional. Ex-membro do
Conselho dos 500 durante os anos do Diretório (a Câmara Baixa do Parlamento).
A partir do governo da Convenção e do Império de Napoleão, ele se constituiu
em um dos redatores dos Códigos Napoleônicos (nome dado aos Códigos Civil,
Penal e Comercial). Jean François Moulin (Jean Moulin) – Nasceu
em Caen, em 14 de março de 1752 e morreu em Pierrefite,
a 12 de março de 1810 (aos 57 anos), sob o auge da Era Napoleônica. Foi
militar da arma de infantaria a partir de 1768, chegando a patente de general
e tendo participado de importantes batalhas, algumas delas contra os
monarquistas franceses. Foi membro do Diretório a partir de 20 de junho de
1799 em sua fase derradeira, mas se opõe ao golpe do 18
do Brumário sendo preso. Mais tarde retorna ao exército participando de
combates importantes a partir dos anos do Império de Napoleão. Jean François Reubel (Reubel)– Natural de Colmar, nasceu no dia 6 de outubro
de 1747 e morreu no mesmo lugar em 24 de novembro de 1807 (aos 60 anos)
durante o Império de Napoleão Bonaparte. Formou-se em direito. Em 1789 foi
eleito pelo Terceiro Estado à Assembléia dos
Estados Gerais, quando tinha 41 anos. Em 1792 foi eleito à Convenção Nacional
pelo departamento do Haut-Rhin, aos 44 anos.
Durante a convenção saiu de uma posição jacobina e se tornou
membro do Clube dos Feuillants. Após o golpe do 18 do Brumário, Reubel deixa
a vida pública. Lazáre
Nicola Marguerite Carnot (Lazáre Carnot) – Membro
do Diretório. Nascido a 13 de maio de 1753 e morto a 2
de agosto de 1823 (aos 70 anos). Carnot foi matemático e
físico, além de general e político. Sua origem social é de família
humilde. Antes de ser membro do diretório, foi membro da Convenção e do
Comitê de Salvação Pública à época do Terror. Foi um dos representantes à
Convenção que votou pela morte do ex-rei Luis XVI. Louis Jérome Ghoier – Nasce
em 27 de fevereiro de 1746 e morreu em 29 de maio de 1830 (aos 84 anos). Foi
secretário-geral do Ministério de Justiça em 1792, presidente do Tribunal de
Cassação já no governo do Diretório, e diretor a partir de 18 de junho
de 1799, substituindo a Threlliard. Embora tenha
recusado deixar o diretório quando do golpe de 18 do Brumário do mesmo ano,
ele era pessoa estimada por Napoleão Bonaparte, que o considerava um homem
correto e franco. Louis Marie La Reveliére Lépeaux – Nasceu
em 28 de agosto de 1753, em Montaigu, e morreu em 27
de março de 1824, em Paris (aos 70 anos). Filho de uma família de
proprietário de terras, em Anjou. Formou-se em
direito em 1775, mas depois de alguns anos demonstrou interesse pela botânica
ao retornar a sua aldeia natal, pela qual acabou sendo eleito pelo Terceiro
Estado para a Assembléia dos Estados Gerais de
1789. Durante a fase inicial da Revolução se torna um membro do clube dos
jacobinos, mas depois aliou-se aos girondinos, fato
que o obrigou a se esconder após a queda desta ala e o início do Terror para
escapar à guilhotina. Foi membro do Conselho dos Quinhentos, a partir do qual
se torna membro do Diretório. Nicolas-Louis
François de Neufchateuf – Natural
de Loraine, ele nasceu em 17 de abril de 1750, e
morreu em Paris a 10 de janeiro de 1828, cerca de 13
anos depois da queda do governo de Napoleão Bonaparte. Nas eleições para os
Estados Gerais (1788/89), foi eleito como suplente de deputado. Em 1791 ele
conseguiu ser eleito para a Assembléia Legislativa
pelo departamento de Vosges. Ficou preso de 2 de setembro de 1793 a 4 de agosto de 1794 por ter feito
declarações consideradas subversivas pelo governo da Convenção. Membro do
Diretório de 8 de setembro de 1797 a 20 de maio de
1798, em substituição a Lazaré Carnot. Paul Fraçois Jean Nicolas (Visconde de Barras)
– Natural da Provença, ele nasceu em 30 de junho de 1755 e morre próximo a
Paris em 29 de janeiro de 1829 (aos 73 anos), em uma família de pequena
nobreza dessa região. Antes da Revolução foi oficial do Exército e serviu em
territórios franceses, dando baixa em 1783. Sua atuação política começou pela
maçonaria, passando assim pelo clube dos jacobinos e,
especificamente, junto aos membros da Montanha (jacobinos parlamentares), por
ter sido eleito. Durante a votação do processo contra o ex-rei
Luis XVI, ele votou favoravelmente à pena de morte. Philippe Antoine
Merlin (de Douai) – Nasceu
em 30 de outubro de 1754 em Arleux e morreu em 26
de dezembro de 1838 em Paris. Filho de produtores rurais, Philippe de Douai estudou direito e foi membro do Parlamento de Paris
onde se distinguiu rapidamente pela excelente retórica. Foi eleito pelo
Terceiro Estado para a Assembléia dos Estados
Gerais de 1789. Reelegeu-se membro do Parlamento em 1792, à Convenção
Nacional, e será um dos integrantes da Montanha. Na votação da acusação
contra o ex-rei Luis XVI,
ele vota a favor da pena de morte e contra o sursis. Pierre Roger Ducos (Ducos) –
Nasceu em Gers, em 25 de julho de 1747 e morreu em
17 de março de 1816 (aos 68 anos), no ano seguinte à queda definitiva de
Napoleão Bonaparte. Formou-se em direito em Toulose.
Foi eleito à Convenção em 1792, votando pela morte do ex-rei
Luis XVI. Participa do golpe do
18 do Brumário (9 de novembro de 1799), que depõe o próprio Diretório
do qual faz parte. Depois integrou o governo do Consulado, que teve Napoleão
Bonaparte como o pró-consul e depois cônsul
vitalício. |
REGIME
DO CONSULADO
O
regime do consulado terá uma fase provisória e integrada por três homens de cada
vez, mas o general Napoleão Bonaparte é o único deles que estará presente nas
duas formações. |
MEMBROS DO CONSULADO |
PERÍODO |
|
PROVISÓRIO |
11.11.1799 a 01.01.1800 |
IDADE AO ASSUMIR |
Emmanuel
José Siyes (Abade Siyes) |
51 |
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Napoleão Bonaparte |
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30 |
Pierre Roger Ducos |
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DEFINITIVO |
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Charles-François
Lebrun |
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Jean
Jacques Reges de Cambaceres |
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|
Napoleão Bonaprte |
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30 |
Emmanuel José Siyes (Abade Siyes) – Vide na relação dos membros do Diretório.
Pierre
Roger Ducos (Ducos) - Vide na relação dos
membros do Diretório.
|