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Documento originalmente disponibilizado em 5 de novembro de 2018, com atualizações e revisões, sendo a mais recente em 27 de outubro de 2020


ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E GERAIS DE 1945 À 1960


No período de 1945 a 1960, os brasileiros foram às urnas a fim de votar para os cargos de presidente e vice-presidente da República por somente quatro (4) e três (3) vezes, respectivamente, pois em 31 de março de 1964, golpe de estado desferido por amplos setores das forças armadas contra o presidente João Goulart, destituindo-o do cargo, pôs fim ao ciclo eleitoral inaugurado em 1945 e confirmado pela Constituição proclamada em 1946. Tendo por base o repositório de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), este documento organiza as informações de sorte a torná-las de mais fácil visualização e compreensão, apresentando os resumos dos resultados para as eleições de 1945 (a seguir), 1950, 1955, e 1960. Aproveita, também, para esclarecer que em outras datas ocorreram eleições para renovações parciais das instituições, bem como para autoridades estaduais e municipais, as quais não são aqui por ora reproduzidas. Vale esclarecer que sob a égide da carta de 1946, e de sua legislação eleitoral, o calendário eleitoral funcionava de forma distinta a que prevalece nos dias atuais quando vigora a Constituição de 1988. Ou seja, eleições executivas, legislativas e dos demais níveis de governo não corriam totalmente alinhadas. Por último, conveniente destacar que das cinco (5) eleições do período, cinco (5) oficiais militares em patente máxima da carreira (general, brigadeiro) concorreram sendo dois (2) já em 1945, o terceiro (3o) em 1950 que concorria pela segunda (2a) vez, ambas sem êxito, o quarto (4o) em 1955 e o quinto (5o) e último em 1960.


ELEIÇÃO DE 1945


Na primeira eleição do período, 1945, escolheram 262 deputados federais e 40 senadores. No atual período (para efeito de comparação), já foram oito (8) vezes contando-se a partir da primeira eleição presidencial (solteira) de 1989. Com exceção da eleição de 1945, que ocorreu antes da elaboração da Constituição que marcaria o referido período sem a existência de um vice-presidente, nas outras três (3) (1950, 1955 e 1960) os eleitores votaram também para vice-presidente, fato este que ocasionou uma situação politicamente conflitante em 1960, quando o titular e vice se elegeram por diferentes coligações e politicamente antagônicas. Dado as tensões políticas e sociais que marcaram aqueles anos, é possível afirmar que este fato contribuiu muito para a deterioração do regime democrático da época.

O presente documento está baseado no repositório de dados eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo adequado por Processo & Decisão Consultoria para os propósitos de resumo da informação e de realce do que se entende aqui como mais relevante, e será atualizado paulatinamente.

A eleição de 1945 contou com quatro (4) candidatos a presidente da República sendo dois (2) deles oficiais generais do Exército e da Aeronáutica, a saber: Eurico Gaspar Dutra, que seria eleito presidente e até meses atrás era o ministro da Guerra do governo ditatorial de Getúlio Dorneles Vargas, e o brigadeiro Eduardo Gomes, um ex-integrante do movimento Tenentista e do grupo que apoiou a Revolução de 1930 afastando-se depois por discordar de seus rumos. Além disso, os brasileiros elegeram 262 deputados federais e 40 senadores os quais teriam a incumbência de elaborar a nova Constituição do Brasil.

Apresenta-se a seguir somente os votos nominais dado aos candidatos uma vez que os votos brancos, nulos e abstenção encontram-se em outros arquivos do repositório de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e divididos pelas unidades federativas (UFs):


Resultado da eleição presidencial de 1945, segundo os candidatos, votos recebidos absolutos e percentagem dos votos nominais
CANDIDATO PARTIDO SIGLA VOTOS EM % % COMP % ELEITORADO
Eurico Gaspar Dutra Partido Social Democrático PSD 3.062.628 55,43 52,62 43,75
Eduardo Gomes União Democrática Nacional UDN 1.894.651 34,36 33,03 27,46
Yedo Fiuza Partido Comunista do Brasil PCB 547.665 9,93 9,23 7,67
Mario Rolim Telles Partido Agrário Nacional PAN 9.936 0,17 0,16 0,13
VOTOS NOMINAIS 5.514.880 100 95,03 79,02
Votos em Branco 69.159 1,12 0,93
Votos Nulos 64.840 1,05 0,87
Votos em Observação 172.608 2,80 2,32
COMPARECIMENTO 6.174.220 100 83,15
Abstenção 1.251.556 16,85
ELEITORADO 7.425.775 100

É fácil compreender a grande maioria de votos atribuídos ao candidato vencedor, general Eurico Gaspar Dutra uma vez que nos últimos 15 anos os brasileiros só foram às urnas em 1933 para eleger os Constituintes que produziriam a Constituição de 1934.

A partir de novembro de 1937, com o autogolpe do chamado Estado Novo desferido pelo então presidente Getúlio Dorneles Vargas, a Constituição vigente foi cancelada e uma nova outorgada no dia seguinte, todos os cargos eletivos foram suspensos nos três (3) níveis de governo, o Poder Legislativo fechado, e governadores afastados. Como o processo de redemocratização estava em sua fase inicial, o público pouco ou nada conhecia dos candidatos, pois a ditadura Vargas exerceu estrito controle sobre os meios de comunicação. Ora, neste cenário de ausência de informação, só as autoridades do período podiam gozar de exposição na mídia e tal situação provavelmente tenha favorecido a candidatura Dutra. Mesmo sob uma situação político-eleitoral adversa, Gomes e Fiuza tiveram boa votação, especialmente este último por pertencer ao Partido Comunista do Brasil (PCB), partido que vivera quase toda sua existência de 23 anos na ilegalidade devido ao forte anticomunismo, o qual alimentava-se tanto de uma visão excludente de larga parte dos grupos dominantes do Brasil quanto por responsabilidade do próprio partido que defendia uma ditadura do proletariado e uma clara ligação à União Soviética.

É oportuno acompanhar como o desempenho eleitoral de Dutra ocorreu nas Unidades Federativas (UFs), em face a seus três (3) adversários, uma vez que as condições de desenvolvimento do País eram ainda mais desiguais do que na atualidade. Dutra venceu em 21 UFs e perdeu em cinco (5). Das cinco (5) em que perdeu, o general teve seu melhor desempenho no Distrito Federal (DF), Rio de Janeiro, com 166.070 sufrágios. Mas foi no estado de São Paulo, chegando em primeiro lugar, que ele obteve sua votação consagradora a qual, sozinha, representou 25,5% do total de sua votação.


Votação obtida pelo candidato eleito Eurico Gaspar Dutra, nas Unidades Federativas (UFs) em votos absolutos e percentagem do total
UF VOTOS DE DUTRA EM % DO SEU TOTAL
SP 780.546 25,50
MG 478.503 15,60
RS 447.462 14,60
RJ+ 178.073 5,80
DF 166.070 5,40
PR 137.060 4,50
SC 136.399 4,50
PE 126.804 4,10
CE 108.363 3,50
ES 72.764 2,4
PA 61.591 2,0
PB 61.090 2,0
PI 51.229 1,70
RN 50.563 1,70
MA 44.750 1,50
GO 39.937 1,30
SE 34.886 1,1
AL 33.361 1,10
MT 20.530 0,70
AM 12.687 0,40
IC* 11.373 0,40
PP* 4.028 0,10
AC 3.293 0,10
GP* 1.118 0,0
FN* 77 0,0
RB* 71 0,0
*Territórios, alguns dos quais deixaram de existir com a promulgação da Constituição de 1946

Os eleitorados de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG) também se colocaram como os mais importantes na votação do brigadeiro Eduardo Gomes, embora a participação percentual do estado bandeirante tenha sido para ele menos relevante do que para o candidato Dutra. Enquanto o candidato eleito tenha alcançado 25,50% na referida UF, o brigadeiro obteve 19,93%, o que em termos absolutos representou pouco menos da votação do candidato do PSD. Por outro lado, o candidato da UDN conseguiu ao menos 100 mil votos em cinco 5 Unidades Federativas, enquanto o candidato vencedor alcançou-as e superou-as em nove 9.

O candidato do PCB, por sua vez, conseguiu obter votos em todas as UFs, o que pode ser considerado uma proeza, e o Estado de São Paulo deu-lhe 192.867 votos, ou seja, nada menos que 35,22% do total alcançado em todo o País. Tal performance sugere o quanto o partido comunista poderia significar um problema eleitoral no futuro para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas não levaria muito tempo para a referida organização voltar a ilegalidade.


1- A importância do vice-presidente à época, além de sua votação direta e separada, constata-se pelo artigo 61 da Constituição de 1946 o qual determinava o seguinte: ”O Vice-Presidente da República exercerá as funções de presidente do Senado Federal, onde só terá voto de qualidade.”


2-Ironicamente os votos nulos foram considerados votos válidos até 1965, já sob a égide do regime militar, quando a lei 4.737/65 retirou-o desta condição. Por sua vez, os votos em branco continuaram a ser considerado válidos até 1997 quando da sanção da lei 9.504/97, sob a Nova República, quando era presidente Fernando Henrique Cardoso.




DEPUTADOS FEDERAIS


Como informei no início do presente documento, os eleitores brasileiros foram às urnas escolher um total de 262 deputados federais. Nesta eleição, os eleitores paulistas teriam o direito a eleger 35 deputados federais, ou seja, 13,35% do total (o mesmo tamanho da bancada mineira). Na atualidade (após a Constituição de 1988), o total de deputados foi para 513 e a bancada paulista para 70, percentual de 13,65, quase igual a participação de 1945. O ex-presidente (ditador), Getúlio Vargas, concorreu a deputado por onze (11) estados, além de disputar o mandato de senador. Destes estados, ele foi eleito em seis (6), a saber São Paulo (SP), Distrito Federal (DF), Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Sul (RS), e Rio Grande do Norte (RN). Foi no estado de SP que Vargas obteve sua maior votação em termos absolutos: 119.055, seguida do DF, onde obteve 116.712. Já em seu estado natal, o RS, ele foi eleito por apenas 11.291, embora seu eleitorado fosse maior que o do DF. Apesar deste bom desempenho geral, ele optou por ser senador da República, e consequentemente, em cada unidade federativa na qual havia sido eleito, sua vaga foi ocupada por um candidato suplente que acabou se tornando titular.

No total nove (9) partidos conseguiram eleger ao menos um (1) deputado, embora os dois (2) que cuidariam do legado de Vargas, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) garantiam conjuntamente maioria absoluta e quase qualificada. Tão grande maioria, partindo-se do princípio que as bancadas da situação seriam razoavelmente coesas, facilitaria a atuação do novo presidente da República. Acompanhe, a seguir, a distribuição de cadeiras na Câmara dos Deputados (CD) segundo os partidos políticos eleitos.


Partidos Políticos na Câmara dos Deputados segundo as cadeiras e o percentual do total
PARTIDO CADEIRAS % NO TOTAL
PCB 013 04,96
PDC 02 00,76
PL 001 00,38
PPS 003 01,15
PR 007 02,67
PRP 002 00,76
PSD 142 54,20
PTB 021 08,02
UDN 065 24,81
TOTAL 262 100



SENADOR FEDERAL


Os 40 deputados foram eleitos por cinco (5) agremiações, e, tal como no caso da CD os três (3) partidos conquistariam a quase totalidade das cadeiras. Veja a tabela a seguir:

Partidos políticos que elegeram ao menos um senador da República
PARTIDO CADEIRAS EM %
PCB 01 02,50
PPS 01 02,50
PSD 24 60,0
PTB 02 05,0
UDN 09 22,5
TROCAS* 03 07,5
TOTAL 40 100

*Os eleitos optaram por outros partidos por disputaram por mais de um (1) e mais de uma (1) unidade federativa

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ELEIÇÕES DE 1950


As eleições de 1950 são as primeiras que se realizam sob a vigência da Constituição de 1946, trazendo de volta a figura da eleição direta do vice-presidente da República em cédula própria, algo que já existia sob a vigência da primeira Constituição da República. Por isso mesmo, partidos poderiam apresentar somente candidato a vice-presidente o que levou o minúsculo Partido Social Trabalhista (PST) a postular a função com seu abandeirado obtendo uma votação razoavelmente expressiva. Desse modo, na eleição de 1950, houve quatro (4) candidatos a presidente e cinco (5) a vice-presidente.

O eleitorado total do Brasil apto a votar saiu dos 7.425.775 do ano de 1945 para alcançar 11.455.159 em 1950, representando este incremento em variação de 54,26% de eleitores no espaço de apenas cinco 5 anos. Mesmo Getúlio tendo uma vantagem sobre o segundo colocado de mais de 1,5 milhão de votos, ou 19 pontos percentuais, sua eleição foi contestada por alguns setores da oposição, os quais entenderam que ele precisava obter ao menos 50% dos votos nominais, contestação esta que foi formalizada e dirigida ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas a Constituição de 1946 era omissa em relação a esta questão, e o candidato primeiro colocado foi diplomado e empossado.


PRESIDENTE DA REPÚBLICA 1950


CANDIDATO / RESUMO PARTIDO VOTOS % NOMINAIS % COMPARECIMENTO % ELEITORADO
GETÚLIO DORNELLES VARGAS PTB 3.849.040 48,73 46,63 33,60
EDUARDO GOMES UDN 2.342.384 29,66 28,38 20,45
CHRISTIANO MONTEIRO MACHADO PSD 1.697.193 21,49 20,56 14,82
JOÃO MANGABEIRA PSB 009.466 00,12 00,11 00,08
VOTOS NOMINAIS 7.898.083 100 095,68 068,95
VOTOS EM BRANCO 145.473 001,76 001,27
VOTOS NULOS 211.443 002,56 001,85
COMPARECIMENTO 8.254.999 100 072,06
ABSTENÇÃO 3.200.160 027,94
ELEITORADO APTO 11.455.159 100

VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA 1950


Enquanto a eleição para presidente contou com quatro (4) candidatos, a de vice-presidente, a primeira desde 1945, teve cinco (5) postulantes. JOÃO CAFÉ FILHO, o eleito, concorreu pelo Partido Social Progressita (PSP) em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do candidato eleito Getúlio Vargas. Recebeu 2.520.790 votos. Em segundo (2o) lugar ficou ODILON Duarte BRAGA, postulante da União Democrática Nacional (UDN), reunindo 2.344.841 votos. Já o candidato do Partido Social Democrático (PSD), ALTINO ARANTES Marques colheu 1.649.309. E ALÍPIO CORREA NETO (PSB) teve simbólicos 10.800 votos.


RENOVAÇÃO PARCIAL PARA O SENADO FEDERAL (SF) EM 1950


A renovação para o Senado Federal (SF) foi parcial, elegendo o eleitorado um total de 22 senadores. Deste montante, nove (9) foram eleitos por coligações e o restante dividiu-se da seguinte maneira: 1) Partido Social Democrático (PSD) e e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - quatro (4) cada um; 2) União Democrática Nacional (UDN) e Partido Social Progressista (PSP), dois (2) cada um. Em votos absolutos, os dois (2) senadores mais votados foram CESAR LACERDA DE VERGUEIRO pelo estado de São Paulo, concorrendo pela coligação PSP-PTB, e tendo obtido 658.058 votos, e ARTHUR BERNARDES FILHO pelo estado de Minas Gerais, quem concorreu pela coligação PSD-PR, amealhando 566.520 votos. Ele era filho do ex-presidente ARTHUR da Silva BERNARDES (1922-1926), que mesmo representando a Primeira República havia sido eleito Constituinte em 1946 e deputado federal e, antes disso, também deputado federal em 1934. Ou seja, sua influência na política continuava ou por sua própria pessoa ou por intermédio de seu filho.


ELEIÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (CD)


Com o aumento do eleitorado nos últimos cinco (5) anos o total de cadeiras da Câmara dos Deputados (CD) passou de 262 (1945) para 304, aumento total de 42 e relativo de 16% (bem abaixo do aumento do eleitorado). O parlamentar federal mais votado do País em termos absolutos e proprocionais foi o filho do presidente eleito, LUTERO Sarmanho VARGAS, concorrendo pelo PTB do Distrito Federal quem recebeu 85.645. No total, dez (10) partidos isolados (sem coligação) conseguiram eleger deputados em um total de 189 das 304. As demais vieram por coligações (quando partidos se unem a outros e lançam chapas comuns). Tal composição indica tendência a elevada fragmentação. Porém, elevada fragmentação não deve ser entendida tanto pelo número de partidos, mas pelo grau de concentração de cadeiras exercido pelas maiores bancadas. Ironicamente, a segunda maior bancada da CD seria formada pelas coligações partidárias, algumas das quais unindo partidos antagônicos como PSD, PTB e UDN com outros partidos menores. Este foi o caso no estado do Maranhão (MA). Ainda assim, algumas destas coligações, mesmo reunindo quatro (4) a cinco (5) partidos, elegeriam somente um (1) parlamentar. Portanto, em termos estritamente partidários é possível falar sim em alta fragmentação, pois a maior bancada, a do PSD, alcançava somente 29,33% das cadeiras.

Acompanhe na tabela a seguir distribuição dos partidos políticos e coligações, sendo que reuniu-se na rubrica coligações um total, pasmem, de 17 coligações:

Distribuição das cadeiras na Câmara dos Deputados (CD) na eleição de 1950 por partidos, coligações, cadeiras e percentual das cadeiras
PARTIDO/COLIGAÇÃO CADEIRAS EM %
Partido Social Democrático (PSD) 091 29,93
Coligações vários partidos 077 25,33
União Democrática Nacional (UDN) 052 17,11
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) 044 14,47
Partido Social Progressista (PSP) 017 5,59
Partido Social Trabalhista (PST) 009 2,96
Partido Republicano (PR) 005 1,64
Partido Trabalhista Nacional (PTN) 005 1,64
Partido Libertador (PL) 002 0,66
Partido de Representação Popular (PRP) 001 0,33
Partido Republicano Trabalhista (PRT) 001 0,33
TOTAL 304 100


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ELEIÇÕES DE 1955


As eleições gerais de 3 de outubro de 1955 ocorreram sob elevada tensão uma vez que se tratava de decidir a sucessão de um governo que foi interrompido pelo suicídio do mandatário, bem como o vice-presidente JOÃO CAFÉ FILHO que assumiu o cargo para concluir o período não era membro dos partidos "herdeiros" do legado de Getúlio Vargas e apesar dos reiterados compromissos públicos de que zelaria por um processo eleitoral limpo, havia muita desconfiança de várias forças políticas sobre riscos de fraudes. E os resultados das eleições não ajudaram na distensão do ambiente. Pelo contrário. A votação do candidato JUSCELINO KUBITSCHEK de Oliveira (PSD) (JK) foi bem menor do que as dos dois últimos presidentes eleitos, sendo que a de Vargas em 1950 já havia sido contestada. Um dos concorrentes à eleição era ninguém menos que o ex-tenente JUAREZ DO NASCIMENTO Fernandes TÁVORA, integrante do ex-movimento tenentista e figura de proa em boa parte dos 15 primeiros anos de Getúlio Vargas no poder. Mas agora concorria por uma força claramente de oposição a este legado; a União Democrática Nacional (UDN). Além deles, havia o ex-governador e ex-interventor em São Paulo, ADHEMAR Pereira de BARROS (54) e ainda o ex-líder integralista PLÍNIO SALGADO. Para se ter ideia da dificuldade de JK ele obteve apenas a terceira (3a) colocação no estado de São Paulo que já se tornara o maior colégio eleitoral do País.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM 1955


Resultado da eleição presidencial de 1955 em votos absolutos e percentuais
CANDIDATO PARTIDO VOTOS % NOMINAIS % COMPARECIMENTO % ELEITORADO
Juscelino Kubtischek PSD 3.077.411 35,78 33,8 20,2
Juarez do Nascimento Távora UDN 2.610.462 30,3 28,7 17,1
Adhemar Pereira de Barros PSP 2.222.725 25,8 24,4 14,6
Plínio Salgado PRP 714.379 8,3 7,9 4,7
VOTOS NOMINAIS 8.624.977 100 94,8 56,6
VOTOS BRANCOS 161.852 1,8 1,1
VOTOS NULOS 310.185 3,4 2,0
COMPARECIMENTO 9.097.014 100 59,7
ABSTENÇÃO 6.146.436 40,3
ELEITORADO 15.243.430 100

VICE PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM 1955


Na sequência, apresenta-se o resultado da eleição para vice-presidente da República para a qual três (3) candidatos concorreram com a vitória de JOÃO Belquior Marques GOULART (36) (PTB), muitíssimo jovem para a função que iria ocupar, mesmo que se considere a vice-presidência como função de expectativa na qual não há exercício de cargo. Interessante registrar dois aspectos da votação deste candidato: 1) ele teve mais votos de que seu colega de chapa, Juscelino Kubtischek, e; 2) que a maior votação de Goulart se deu no estado de Minas Gerais (MG), domicílio eleitoral de seu adversário MILTON Soares CAMPOS (55) (UDN), e no qual ele amealhou nada menos que 618.985 a qual representou 17,2% de toda sua votação e superou em termos absolutos a de Campos que ali colheu seu melhor resultado. E a segunda (2a) melhor votação do candidato petebista ocorreu em seu estado natal, Rio Grande do Sul (RS), no qual reuniu 423.484 votos, representando 11,8% do seu total. O estado de São Paulo (SP) deu-lhe apenas a terceira 3a maior votação, mesmo assim, bem abaixo do seu estado natal. Concorreu também DANTON COELHO (49), o candido do PSP de Adhemar de Barros, quem tevem baixo desempenho nacional, obteve votação avassaladora em São Paulo, obtendo 608.337, ou 53,4% de toda sua votação.

Resultado das eleições de vice-presidente da República
CANDIDATO PARTIDO VOTOS % VÁLIDOS % COMPARECIMENTO % ELEITORADO
João Goulart PTB 3.591.409 42,7 39,5 23,6
Milton Campos UDN 3.334.739 39,6 36,7 21,9
Danton Coelho PSP 1.140.261 13,5 12,5 7,5
VOTOS VÁLIDOS 8.416.409 100 92,5 55,2
VOTOS BRANCOS 722.674 7,9 4,7
VOTOS NULOS 257.931 2,8 1,6
COMPARECIMENTO 9.097.014 100 59,7
ABSTENÇÃO 6.146.436 40,3
ELEITORADO 15.243.450 100


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ELEIÇÕES DE 1960


O ano de 1960 marcará a última eleição presidencial direta do Brasil sob a vigência da Constituição de 1946, sendo também o ano em que a nova capital federal, Brasília é inaugurada pelo então presidente JUSCELINO KUBITSCHEK de Oliveira, que foi o responsável direto por sua construção. Portanto, o novo presidente da República, JÂNIO da Silva QUADROS (43) (PTN-UDN) seria o primeiro a tomar posse nesta cidade. Ironicamente, Quadros construiu sua biografia combatendo a corrupção e valeu-se do exemplo da construção da nova capital no planalto central como exemplo de desvio dos recursos públicos para enriquecimento de muitos. Em votos absolutos Jânio obteve a maior votação que um candidato a presidente já conquistara, mas, ainda assim, isto não lhe conferiu nem mesmo a metade dos votos válidos. Seu principal adversário, marechal HENRIQUE Duffles TEIXEIRA LOTT (65), concorrendo pela coligação PSD-PTB-PST, ficou bem atrás devido não só a suas dificuldades pessoais de comunicação, mas também à presença do terceiro concorrente ADHEMAR Pereira DE BARROS (59), quem concorria pela segunda vez. Ainda assim Lott alcançou mais votos do que Juscelino em 1955, o que não seria surpresa em consequência do próprio aumento do eleitorado. Porém, quase alcançou JK no percentual de votos nominais, mesmo ficando em segundo lugar. Adhemar recebeu menos votos absolutos do que obtivera na eleição de 1955, o que é compreensível uma vez que Jânio estava na disputa e também provinha de São Paulo. Neste estado, Jânio recebeu 1.588.593 votos, correspondendo a 46,6% dos votos no estado de São Paulo (SP) e a 28,2% de toda sua votação no Brasil. Por sua vez, Adhemar foi o segundo (2o) mais votado no estado, recebendo 855.053, pouco mais da metade do que Jânio Quadros obteve. Este montante recebido por Adhemar correspondeu a 38,9% de toda sua votação no Brasil. E Lott recebeu frágil votação de 441.755, em uma unidade da federação (UF) decisiva para quem desejava ser presidente.

Importante, ainda, que no ano de 1960, além da eleição presidencial, ocorreu eleição para uma (1) vaga do Senado Federal (SF) no estado de Minas Gerais (MG) e para governador e vice-governador em onze (11) estados da Federação. Nesta eleição para o recém criado estado da Guanabara (GB) foi eleito para governá-lo o deputado federal CARLOS LACERDA (UDN) com 357.153 votos, concorrendo contra três (3) outros candidatos. Esta vitória não deixava de ser emblemática por se dar na cidade que até então era a Capital Federal e que se considerava de certa maneira a praça-forte da coligação PSD-PTB. Não ocorreram eleições para a Câmara dos Deputados (CD), as quais só viriam a ocorrer em 1962. Reiterando a informação dada no início do presente documento, a Constituição de 1946 não previa eleições sempre alinhadas para renovação dos poderes, bem como dos níveis de governo.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA


A seguir, os resultados da eleição presidencial.

Votos dos candidatos a presidente da República nas eleições de 1960, resumo, e percentual de votos válidos, do comparecimento e do eleitorado
CANDIDATO PARTIDO VOTOS % VÁLIDOS % COMPARECIMENTO % ELEITORADO
Jânio Quadros PTN-UDN 5.636.623 48,3 44,8 36,3
Henrique Teixeira Lott PSD 3.846.825 32,9 30,6 24,8
Adhemar de Barros PSP 2.195.709 18,8 17,4 14,1
VOTOS VÁLIDOS (NOMINAIS) 11.679.157 100 92,8 75,2
VOTOS BRANCOS 433.391 03,44 02,79
VOTOS NULOS 473.806 03,76 03,05
COMPARECIMENTO 12.586.384 81,1
ABSTENÇÃO 2.941.597 18,94
ELEITORADO 15.527.951 100


VICE-PRESIDENTE


A Constituição de 1946, tal como a primeira constituição republicana (1891), estabelecia a eleição própria para vice-presidente da República. Ou seja, o eleitor deveria votar para vice-presidente e os votos eram contados à parte. Mais do que isso, o eleitor poderia votar no candidato a vice-presidente de chapa diferente da chapa do candidato à presidente. E nesta eleição de 1960, os eleitores preferiram em sua maioria reeleger JOÃO Belquior Marques GOULART (41) (PTB) em lugar da chapa de Jânio Quadros.

Acompanhe na tabela abaixo os resultados para vice-presidente na eleição do referido ano. Observe que o vice-presidente João Goulart, reeleito em 1960, obtivera 3.591.409 votos. Ou seja, em sua reeleição em 1960, ele acrescentou 955.601 votos significando uma variação percentual bruta de 26,61%. Adversário direto de Goulart, MILTON Soares CAMPOS (60) (UDN) volta a se candidatar ao cargo, não logrando êxito, mas aumenta sua própria votação em 902.980, que representou variação positiva de 27,1%.

Resultados da eleição para vice-presidente da República em 1960, considerando votos dos candidatos, percentuais sobre válidos, comparecimento e eleitorado
CANDIDATO PARTIDO VOTOS % VOTOS VÁLIDOS % COMPARECIMENTO % ELEITORADO
João Goulart PTB 4.547.010 41,6 36,1 29,3
Milton Campos PTN-UDN 4.237.719 38,8 33,7 27,3
Fernando Ferrari PDC 2.137.382 13,8 17,0 13,8
VOTOS NOMINAIS 10.922.111 100 86,8 70,3
VOTOS BRANCOS 1.305.865 10,4 8,4
VOTOS NULOS 358.378 2,8 2,3
COMPARECIMENTO 12.586.354 100 81,1
ABSTENÇÃO 2.941.597 18,9
ELEITORADO 15.527.951 100